sábado, 7 de março de 2009

Câmera filmadora no olho

Rob Spence é um diretor de filmes canadense que perdeu um olho em um acidente. Lamentável, mas não tão incomum, não fosse o fato de que ele quer aproveitar a situação para implantar uma câmera filmadora digital na prótese ocular que usa.

A notícia vem da agência Reuters e foi publicada no site G1 (link). Segundo a matéria, Spence pretende produzir com o dispositivo um documentário que alerta para o excesso de vigilância na sociedade.

A idéia do canadense tem gerado polêmica, pois parece que as pessoas não se incomodam com as 12 mil câmeras de segurança que operam em Toronto, mas não estão gostando muito dessa nova câmera secreta.

Até aí, a história já rende uma super discussão sobre a questão das novas tecnologias e a vigilância. Para além disso, vale refletir mais ainda sobre a relação homem-máquina que tem embalado as postagens anteriores. Imagina só: Spence é o diretor e a câmera ao mesmo tempo!

Se você "topasse" com ele, como reagiria? Mais ainda, você acha que ele deveria usar uma camisa estampada com o alerta "sorria, você está sendo filmado"?

7 comentários:

  1. Sinto, mas isso é tardio.

    http://www.intertecinformatica.com.br/blog/2008/11/artista-quer-substituir-olho-por-cmera.html

    Sobre ser diretor e câmera ao mesmo tempo, isso é consequência inevitável dos processos de miniaturizaçao e mobilidade da tecnologia.

    Hoje existem ao cachos pessoas soltas no mundo com uma câmera digital na mão. Até mesmo uma digital fotográfica, com cartão de memória rende ótimos vídeos para quem tem boa cabeça.

    Se não me engano, a própria senhora Santaella diz que a arte de agora deve ser feita com as tecnologias de agora
    (ou algo que se pode traduzir assim)...

    No que tange a vigilância, a questão se torna mais interessante.

    Máquina talvez não seja mais um objeto, um aparelho-apêndice da vontade, do ato de produzir, mas sim um conceito extendido, algo inerente ao homem.

    Assim como o conceito de música ultrapassa as harmonias e os ritmos ditos musicais e passa a ser todo o corpo sonoro do mundo, outros conceitos também se alargam, conforme vamos nos permitindo entender.

    Ser máquina para vencer os limites do corpo. Isso é um bom sentido para a evolução da ciência (apesar de eu ser primitivo e adorar a carne).

    A questão maior, não sei se sei formular, mas seria no caminho nos perguntarmos porque prezamos tanto a privacidade. Porque precisamos nos esconder. Porque precisamos ter pensamentos ocultos...

    Daí não teríamos de temer a vigilância.

    Outra pergunta: qual seria o lado bom disso?


    ............


    Boa a idéia do blog.
    Mas se esse é o blog de uma classe inteira, voto para que se desenhe um olho biônico nessa foto barroca aí do canto superior direito, apenas por uma questão de descaracterização, nada mais.
    Ou qualquer outra coisa para que não pareça ser um blog de uma pessoa só.


    Satelitebolor

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  2. Sorria vc estah sendo observado...Quem nao queria poder gravar com os olhos? rsrsrs
    Mal ou bem, as milhões de câmeras de segurança, por mais que delimitem a liberdade(mas,afinal, que liberdade é essa?),já fazem parte do cotidiano das cidades. As esferas do público e privado se reconstruiram, mesmo que não seja completamente.Sabemos bem quando podemos estar sendo filmados ou não. Quando a máquina se confunde com o humano perde-se novamente essa noção de estar ou não sendo filmado. O novo encanta, mas também assusta e confunde. Isso tudo, fora a questão dos direitos da imagem, autorizações, invasões de privacidade... Boa Polemica! =)

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  3. Quando essa tecnologia chegar nos paparazzi...

    nada mais será sagrado!

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  4. Esses dias vi uma reportagem na record sobre um BRASILEIRO (ênfase em brasileiro) que ficou cego após um acidente com produtos químicos, sendo que apenas um olho teve perda total. A reportagem mostrou que ele recebeu, em caráter experimental, já que no Brasil o procedimento só está liberado como pesquisa, um olho (ou melhor, a parte externa do olho, acho que a córnea) biônico. Com a "prótese" ele voltou a enxergar com um dos olhos e dizia as cores da roupa da repórter. Lembrei logo da ideia de homem cyborg... rsrsrsrs

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  5. me lembrei agora de algo e fiz uma conexão que gostaria de compartilhar

    no meu primeiro comentário fiz a seguinte questão:

    "A questão maior, não sei se sei formular, mas seria no caminho nos perguntarmos porque prezamos tanto a privacidade. Porque precisamos nos esconder. Porque precisamos ter pensamentos ocultos..."

    e agora relacionei com o filme STALKER do tarkówsky.... no final do filme, apesar de toda ambição que marcava a motivação das aventuras, do risco, da paranóia, no final os "vilões" desistem e não entram "naquele quarto"....

    eles ficam com medo deles mesmos...
    não entram...

    questão da vigilância: o homem vai deixar de ser homem.. ele está agonizando.. ele está a caminho do maquínico.. o espírito vai ser preso pela obrigação da perfeição digna dessa nova raça.
    Estamos morrendo como somos, e gradualmente, homeopaticamente entrando no modo de raciocínio unilateral, da conduta perfeita.
    Morre a ambiguidade e a ambivalência que tensionava o espírito do homem, o alucinava.

    Vemos isso em admirável mundo novo, quando o rebelde da história deixa de tomar o soma, volta a ter emoções, duvidar (ah, poder duvidar, devanear, no fim quem sabe delirar), e se rebela, vai para outro lugar..

    (só para lembrar: nesse livro, as pessoas não tem relações amorosas, eles tem relações automáticas de prazer, alegoricamente o sexo)

    isso fala sobre a volta ao natural, natural humano, natureza humana, a qual está...

    pode parecer um texto desesperado...
    mas não é, é normal, cadeia evolutiva.. porque o fim seria o homem afinal de contas

    ...

    Satelitebolor

    ...

    a vida das máquinas.

    alguns passos: esvaziamento do oculto humano através dos mecanismos de exposição da subjetividade – alguns vestidos de dispositivos de relacionamento, redes sociais – captação de subjetividade humana – a máquina há de simular tudo agora, ela já sabe, você contou.

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  6. A senhora Santaella nos conta muito bem explicado esse momento da vida passando para o corpo da máquina, em Navegar no ciberespaço: O perfil cognitivo do leitor imersivo.

    explica como funciona o corpo no momento do uso do computador, na navegação na internet, do uso de dispositivos eletrônicos, como estamos em contato com as máquinas desde o nosso interior e mais ínfimos organismo, funcionando em um trajeto de harmonia até o computador, a rede...

    e a gente nem percebe

    isso sim parece desespero, me comoveu quando li. gostaria lhe dar parabéns pessoalmente e dizer "bravo!".

    talvez tenha a ver com McLuhan afinal de contas. ele não disse algo como "os meios de comunicação são a extensão do corpo..."


    Stlr

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  7. aí Satélite, bacana essa parada que tú falô

    essa galera desse blog não se comunica
    curso de alucinação e adestramento social

    mas então,
    http://www.youtube.com/watch?v=VXa9tXcMhXQ

    abs,
    Argonauta Dúnia

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