domingo, 16 de outubro de 2011

O que você vai deixar na rede para seus filhos?

A nuvem (cloud computing) é uma realidade cada vez mais franca no cotidiano das pessoas. Ou seja, usar a rede para armazenar dados tem se tornado comum no cotidiano. Fotos, vídeos, músicas, textos - arquivos de toda ordem deixam de existir em HDs para ocorrerem em ambientes virtuais. Argumenta-se em primeiro lugar que, dessa forma, ficam mais bem "guardados", seguros de eventuais panes de sistemas, além de que o potencial de armazenamento da nuvem é praticamente ilimitado.

Assim, a fronteira entre o material e o virtual vem se tornando cada vez mais tênue. E um dado vem complexificando ainda mais essa assertiva: além de adquirir, produzir e guardar cada vez mais produtos digitais na nuvem, agora vem aumentando o número de pessoas que têm incluído em seus testamentos senhas de acesso a esse tipo de bens - dessa forma, os espólios podem herdar o legado digital do indivído - ver matéria do G1 de 14/10/2011.

A potencialidade subjacente ao fato é a de tomar-se os conteúdos digitais como "patrimônio", que, mantém os desencarnados (ou sua memória) presentes para sempre, como, de certa forma, foi a temática central do filme Violação de Privacidade (The Final Cut - Lions Gate Films Inc., 2004).

O assunto "dá pano" pra muita discussão. A ultrapassagem da relação sujeito-objeto - e a imortalidade como fantasia recorrente da cibercultura - foi tema de investigação do Professor Erick Felinto (veja artigo). Reflexões sobre a imortalidade em redes sociais também tem sido assunto pesquisado pela Professora Renata Rezende há algum tempo (veja artigo). Buscas simples na internet dão conta, ainda, de muitas pesquisas sobre essa temática.

A recente morte de Steve Jobs torna ainda mais oportuno o debate sobre o assunto: a proposta que se segue ao clicar sobre sua imagem, na homepage da Apple, é exatamente "If you would like to share your thoughts, memories, and condolences, please email rememberingsteve@apple.com" - nota-se que há uma ideia forte de presença; Jobs está "vivo" na virtualidade. E deixa um legado "inestimável" na nuvem.

De fato, a despeito do que se possui de bens móveis ou imóveis, "heranças virtuais" é o que todos podem deixar. E você, o que vai deixar na rede para seus filhos?

2 comentários:

  1. Depois pesquisa sobre o caso de Vinicius Gageiro Marques, o Yonlu. O menino deixou rastros de informações na rede que ajudaram seus pais a entender seu suicídio e manter suas memórias.

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    1. De certa forma, Facebook, Instagram e cia. já fazem um pouco disso todos os dias - criando uma memória midiatizada da vida de todo mundo...

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